sobre o silêncio (do psicanalista)
o que é a fala?
proponho uma imagem: a árvore, que você vê acima, reflete seus galhos na água e a impressão que temos é a de que estamos a ver suas raízes. para mim, enquanto psicanalista, a fala dx analisandx projeta a silhueta do seu inconsciente, ou seja, das suas raízes escondidas no subterrâneo. cabe ao psicanalista cooperar com x analisandx na escuta de si. o que importa, portanto, é que x analisandx ouça sua própria voz e que a partir dela comece a discernir suas angústias e "não-angústias".
Mas se a fala é deveras importante para um psicanalista, então por que o psicanalista faz silêncio? ora, a fala que importa é a dx analisandx, não a dx analista; ademais, o silêncio fala. grave engano, portanto, acharmos que o silêncio não tem algo a dizer. por outro lado, certo é que nem todo silêncio é eloquente, mas creia: todo silêncio comunica.
quem cala consente?
sim. no caso dx psicanalista o silêncio é um consentimento para que x analisandx escute sua própria voz, ou seja, um consentimento para com o ato da fala e da escuta; no entanto, consentir com o ato da fala não tem nada a ver com aprovação ou desaprovação. para falar a verdade, nada na psicanálise tem a ver com aprovação ou reprovação. resumindo: quem cala consente, mas não necessariamente com o conteúdo da fala/comportamento de outrem. sim, o silêncio também deve ser discernido.
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~ m. gabriel d'almeida ~
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